Cruzeiro
Nómadas, como as selvas em que habitam,
desumanas, estas vidas não escolhidas
trilham caminhos minados que suscitam,
riscos intermitentes em juventudes perdidas.
Em terras de ninguém, arriscam as suas vidas
obedecendo às ordens, dos que à guerra incitam,
pensando no regresso, com as missões cumpridas,
cumprindo o dever, dos que o dever, evitam.
Assim, de alma em punho, armados de coragem,
no silêncio da noite, viajam de canoa,
delirando, enquanto chegam à outra margem.
Pensam na familia, numa refeição boa,
que foi em Almada, que começou a viagem
e que na outra margem se encontra Lisboa.
Se eu fosse companheiro de alguns combatentes das antigas
colónias, seria esta a minha forma de incentivo.
Sei que a canseira e a saudade levou muitos deles a delirar
e este seria o delírio que eu lhes desejaria como companheiro.
Dedicado ao meu amigo
Rama Lyon.
Eduardo Mesquita.
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AGRADEÇO...
do fundo do meu coração, ao amigo Mesquita,
esta sua tão amável dedicatória. É sempre um
imenso prazer, sentir o respeito de alguém que
não esqueceu o sacrifício daqueles que foram
-desterrados- na flor da mocidade para
defender o ''nosso ultramar''.
Defender para quê?...Quem souber, eu agradeço
a resposta, que faço a mim mesmo desde já à dezenas de anos.
RAMA LYON
3 comentários:
muito nobre muito lindo
uma dedicatória muito linda
sabe sempre bem nos sentirmos acarinhados pelos amigos beijinhos
Gostei! Tambem publiquei os seus melros no Viver e Sentir. Boa semana.
Tudo tem uma justificação, mesmo quando é difícil de entender. Defender a vontade dos outros, é também defender a razão porque nascemos, quando não temos outra opção, ou quando não nos é dada a liberdade de escolher o nosso caminho. Ao longo da História tem sido sempre asssim. Olhe para o mundo que nos rodeia e veja se em tantos pontos do planeta, a história não se está a repetir...podemos não defender aquilo que é nosso, mas defendemos a vontade daqueles que por diversas circunstâncias têm o poder de mandar em nós. A missão foi cumprida, e os problemas de consciência serão sempre daqueles que mandam...se a tiverem.
Um abraço.
Eduardo
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