segunda-feira, 30 de agosto de 2010

As férias de dois pombinhos

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As férias de dois pombinhos

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A areia ficou dourada

Com os raios do sol-posto

Numa praia abandonada

Em finais do mês d’Agosto.

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Dois pombinhos à beira-mar

Iam arrulhando coisas sérias,

O que é doce vai acabar,

Amanhã findam as férias.

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E assim tão enamorados

Tendo o mar por companhia,

Despediram-se enlaçados

Do descanso e da alegria.

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Regressaram ao seu pombal

Onde à anos fizeram ninho

Num modesto roseiral

Feito de amor e carinho.

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E depois no dia seguinte

Pela manhã bem cedinho

Como faz o bom pedinte

Puseram asas ao caminho.

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E lá foram pró trabalho

De cabeça bem erguida

Por esse difícil atalho

Que faz parte da sua vida.

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Estes versos pobrezinhos

Vem mostrar em rica voz,

Que o caso destes pombinhos

É a história de todos nós.

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Rama Lyon

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domingo, 15 de agosto de 2010

Homenagem ao bombeiro

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Homenagem ao bombeiro

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Vejo chamas, sinto o calor

Que abrasa o país inteiro.

Vejo o esforço, sinto o ardor

Com que luta o bombeiro.

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Com a agulheta na mão

Pelas vertentes da serra

Combatendo esse dragão

Que pôs fogo à nossa terra.

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Não tem horas de trabalho

Nem cama para dormir.

Faz da vida um atalho

Para o seu dever cumprir.

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Como é triste o que ele vê

Num Portugal chamuscado

Onde a fauna está à mercê

Deste fogo tresloucado.

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Ouve os gritos d’aflição

Do povo em cada aldeia

Onde aquela destruição

Junto às casas serpenteia.

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Apesar de andar cansado

Com o suor a correr do rosto

Vai lutando como um soldado

Que nunca abandona o posto.

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Ele merece nosso respeito

Pela sua grande coragem

E por isso tem o direito

A esta simples homenagem.

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Rama Lyon

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

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Poema tirado das cinzas

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Ó que grande desventura

Em que o país mergulhou,

Perdeu um manto de verdura

E um de cinzas encontrou.

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Neste horror foi envolvido,

Com amarga devastação.

Faz pena vê-lo vestido

Com terra cor de carvão.

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A floresta calcinada

Foi resistindo, só até,

À hora que asfixiada,

Também ela morreu de pé.

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Há tantas mãos enganosas

Que do lume fazem um jogo

Assassinas, criminosas,

Como o dragão a deitar fogo.

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Eu penso que o criminoso

Havia de vestir também,

P´ra ver se lhe dava gozo,

A farda que o país tem.

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Que Deus dê à nossa terra,

Novamente formosura,

Desde o campo até à serra

Seja um jardim de verdura.

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Todos nós gostamos ver

Fogueiras do São João,

Mas nunca na vida ter

Portugal feito em carvão.

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Rama Lyon

8 de Agosto de 2005

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……Este poema foi escrito em Agosto de 2005, por ocasião dos grandes fogos que puseram em brasa o nosso verde país. Infelizmente, neste momento e, derivado às circunstâncias que aos nossos olhos se apresentam, ele é de novo em foco de actualidade… É por essa razão que o trago de novo a ‘‘lume’’ deste bom povo português…

RAMA LYON

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