O fogo nas asas do vento
Desceu da serra a correr
E passado pouco tempo
Coimbra estava a arder.
Foi uma vaga d’aflição;
Mar de chamas, ansiedade,
O inferno em revolução,
À volta desta cidade.
Consumindo habitações
E tudo mais onde passava,
Sem reparar nas aflições
Que a tanta gente causava.
Labaredas incontroladas
Por todo o lado sem rumo,
Reduziam florestas amadas,
Em tristes nuvens de fumo.
Frente aos olhos de pavor
De tantas cabeças humanas,
Foi destruída, que horror,
A Mata de Vale de Canas.
Coimbra ficou doente
Depois desta operação.
Perdeu-se na cinza quente,
Enterrado o seu ‘pulmão’.
Que Deus nos dê a coragem
P´ra esta batalha vencer
E ter de novo a paisagem
Com árvores a enverdecer.
NOTA: Este poema foi escrito em Agosto de 2005, quando as
cinzas ainda fumegavam em redor da cidade.
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3 comentários:
A poesia existe para declamar sentimentos e denunciar situaçoes. Um poema muito digno de ser lido pelo alerta que lança, pelo sentimento.Todo o Universo agradece, tudo o que é vida aplaude pela existencia da sensibilidade de algumas pessoas. Eu que sou amante da vida fico feliz por este poema, por ser amiga do autor... mas muito triste por existirem razoes para alguem as escrever. Nunca me vou cansar de dizer que gosto muito da sua forma de escrever... nunca pare
Este é um poema em que o autor manifesta a preocupação por um fenómeno que todos os anos assola o nosso país e não só, na época estival. De salientar o apelo e a esperança para que com a ajuda de todos estas situacõe possam terminar. Uma denúncia oportuna pela actualidade e pelo objectivo a que se propõe.
Obrigado por aqui o ter feito no seu jardim, que se mantem verdejante, que com esta força nunca correrá o risco de arder. A vigilância terá sempre nas suas palavras o maior revigorante. Bem Haja.
Eduardo.
O poema é digno da fotografia, e vice-versa. Um forte abraço dos Açores.
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