terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lágrimas de emigrante

. . .

Lágrimas de emigrante

.

.

Nos braços duma quimera

Converti-me em emigrante,

Ganhei a saudade austera

Que me abraça a cada instante.

.

Ao partir ao Deus dará,

A minha aldeia deixei

E ninguém hoje saberá

Quando eu lá voltarei.

.

Tendo o Céu como parceiro

Nesta minha grande empresa,

Sou um pobre mensageiro

Da cultura portuguesa.

.

Assim ando vagueando

Pelos trilhos que Deus quis,

Nesta vida caminhando

A clamar o meu país.

.

Sem juiz fui condenado

Como um dia o foi Jesus,

Sigo sempre carregado

Com o peso da minha cruz.

.

Como um ser que hoje tem

Um fado em cada esquina,

Não torno culpas a ninguém,

Esta é bem a minha sina.

.

Essa mesma que um dia

Me trocará a vida errante

Por uma grande alegria,

De não mais ser emigrante.

.

Rama Lyon

.

2 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Lindo o seu poema. transmite os sentimentos de alguem que muitas vezes alem de ser emigrante se sente realmente emigrante distante do seu pais de origem mas habitante de um mundo onde a sensacao de emigrante nao deveria existir, porque o planeta e' o mesmo... um planeta onde ninguem onde quer que estivesse se deveria se sentir um emigrante.

gostaria de ver o seu poema no cantinho mas se for eu a coloca-la, embora eu o identifique fica sempre no meu nome. eu nao me importo, o que gostaria mesmo era de ver la' os seus poemas... beijinhos a cidalia. boa semana. o eduardo partiu ontem

Eduardo Mesquita disse...

As lágrimas da saudade e do inconformismo.
Permita-me contraria-lo um pouco ao dizer-lhe que se deve sentir orgulhoso do peso dessa cruz.
Carregar essa cruz é viver, é dar o exemplo, é o cumprir de uma missão a que se propôs.
Deve falar dela com um sentido mais optimista e tenho a certeza que assim será, quando um dia no calor da terra que o viu nascer concluir que afinal, tudo valeu a pena.
Parabens por todo esse sentimento transmitido, não teve um juíz a condena-lo, mas tem aqui um amigo que muito aprecia tudo aquilo que escreve, com a força de toda a sua simplicidade.
Um abraço
Eduardo